Dois cabeças.
Caídos, respiram
Calados, não iam
Cortados, gemiam.
Um exclama conflito
Outro exprime conforto
Os ligamentos endoscópicos
Tudo na mesmice do que é homérico.
Dos que são envoltos em luz
Que no chuvoso permeia
O odor da morbeza
E a real grandeza
Da revolta crueza.
A fragilidade como
Os pêssegos em calda
Engulo
É pândega a loucura
E acordam
Sem o purgante nos bolsos.
“Todos os problemas são meus” – ele disse.
Lançou ao mar, é uma nódoa
Há uma fragata, ele é o capitão.
Boiam as bússolas, nada ao alcance
Morreu veterano, acordou chofer de táxi.
Nos boulevards que circundavam
E o tráfego não invadia
No xadrez do pátio lotérico
De formas e sensações do esotérico.
Subiu pela saída E
Ficou na cidade baixa
Pois não mais abusam de alusões
Nas ondas canículas da emergência.
Das aljavas vazias
As cabeças de Géricault.
Trazendo os horrores
De uma segunda feira.
A proliferação como um ato de unidade
De uma sede que invade
Em público e cores, petrolíferas por torres
Por dentro todos somos dinossauros.
Encaçapando estrelas
Instituindo o bodypaint
Estenderão a mão com seus estroboscópios
E, com febre, será bem-vindo em todos os lugares.
Não se chega ao terraço sem antes, lamber os pisos do térreo
Dos olhares distantes, alvejantes e férreos
Em poses, jogou-se da esplanada pros braços do escândalo
São amodais artifícios.
São estudos concêntricos
Que não tiveram concentração
E mesmo não havendo vagas
Mofaremos em todos os lugares.
Em postais e selos
Se não domá-los, como sabe-los?
Como o mal subtraído
Do neurônio subjetivo.
Em nele, miríades
E circuitos mirados
Meros eletrônicos
Do pensar automático.
E eu que sou o cabeça
Que não foi automatizado
Fico sendo antropofálico
Esperando pra ser datado.
Engrenagens não duram, engrenam
Telégrafos não beijam, esperam
E eu, pulsão de momento
Fico querendo dividir-me em resgates.
Da diferença, não se ouve sussurros
Entre pernas, orelhões em pulsos
São dois telefones fora de área
Será que eles caíram em autoasfixia?
J. P. Schwenck (Rio de Janeiro)