[op. 28 no. 4] | Bianca Camargo
— 14 de março de 2021
hoje de manhã, li kandinsky
um prelúdio azedo
e senti vertigem
li experiências sensoriais e câmeras sem luz
vedadas do mundo perceptivo
em direção a um mundo interno
transcendental em sua imanência da mente
duração, momento, explosão
hoje de manhã, li kandinsky
pareceu um segundo enquanto
a vertigem me pôs a escrever
a destruição
a ruína
a reconstrução de si
giros, voltas e suspensões
(entre parênteses)
hoje de manhã, ouvi uma voz que diz:
escrever é riscar lacunas
preencher vazios e velar ausências
a presença do imaginário
em reparo
inconstâncias inconscientes
esse poema era verde em seu começo
até o amarelar do medo
cicatrizar rosáceo
– lacrimosa –
queimaduras e roxos
da cor do luto amargo
de um réquiem em mim menor
Bianca Camargo de Lima | São Paulo, Brasil | é paulistana, bacharela em Filosofia e mestranda em Filosofia pela PUC-RS. | bilimacamargo@gmail.com
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