Editorial Vol. 7 | n.° 9 | dezembro de 2017
— 1 de dezembro de 2017
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“Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo”José Saramago
Neste número estão recolhidas dez bocas, prontas a dizer algo e, ao mesmo tempo, prontas para calar o máximo possível. Para duas funções principais é que nasce a boca, este bueiro sem fim em que cabe o mundo: para saber e para o sabor serve o músculo mastigável e triturador de palavras e experiências. Sempre que um lado está sendo mais usado que o outro, a boca gasta-se, pedindo por equilíbrio. Sempre que um lado está impedido, a boca devora o que vê pela frente.
O objeto artístico é onde essas funções convivem como nunca, a máxima potencialidade da boca, justamente porque vive do seu lado mais furioso. O objeto de arte tanto é saboroso como conhecedor. Ele prova e comprova, é uma nova maneira de saber saborosamente. O inexprimível cabe perfeitamente na boca dos poetas. O sorriso cabe perfeitamente na boca de quem disfruta da poesia com alegria, mesmo que ela traga consigo o abjeto, o expurgo do mundo.
Diante de um cenário de fúria generalizada, na mesma medida em que muito é impedido de dizer, a boca estremece horrorizada e o poeta pode gritar mais. Mas, ainda assim, nada o impedirá de gritar silenciosamente, pelos artefatos da arte literária. Cabe a cada um decidir que dimensão a voz vai tomar na experiência da escrita, assim como na da leitura.
Desejamos uma boa leitura a todos.
As editoras.
Clique nos textos para ler:
Pulpo a La Gallega | Alexandra Lopes da Cunha
Fenomenologia de copos | Anderson Freixo
Extraterrestres | Antônio LaCarne
Mapa sonoro | Francieli Borges
No beijo o que há de elástico | Matheus Guménin Barreto
Modelo de bilhete para quando já não adianta | Paulo Vicente Cruz
Ilustração de Capa: Bianca Lana
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