Editorial Vol. 7 | n.° 4 | setembro de 2017
— 15 de setembro de 2017“a própria natureza responde, dizendo não nos ser hostil, não nos odiar nem mesmo na morte, mas apenas nos apresentar, sempre, seu triplo rosto frio, maternal, severo… A natureza é a própria estepe”
Gilles Deleuze. Sacher-Masoch
“Então, a algo que fala por mim, preferem,
os tímpanos perfurados ––uma orelha cortada é uma orelha cortada
é uma orelha cortada…”Felipe G. A. Moreira
A harmonia entre a matéria da arte e a matéria da natureza ocorre porque nenhuma delas mente. A tentativa de aniquilação de que sofrem os objetos artísticos, ao longo dos tempos, repetidamente, é a maior prova de que eles estão sempre à frente, embora acredite-se que o caminho é contrário.
O texto, a escultura, a instalação, são objetos vulneráveis a serem picotados – como é picotada a capa ilustrada por Lila Bitten – mas em cada fragmento que cai, uma nova autoria se impõe. A matéria da arte é autoria pura e a autoria é feita do diverso. Quanto mais vulnerável à aniquilação, mais resistente a ela. Elementos para a recomposição jamais faltarão, mesmo que em área devastada.
Neste número, situamos, de propósito, cada autor em um pedaço do rosto fragmentado, porque cada texto forma aqui um espaço de autoria infinita e inquebrável. Falar da aniquilação é falar da morte, mas ser feito da própria matéria da aniquilação é estar permanentemente vivo.
Desejamos a todos uma boa leitura.
As editoras.
Obituário | Alex Xavier
Próximos pelo Lixo | Carlos Barth
Receita de Bomba Caseira | Eduard Traste
O Crucificado | Felipe G. A. Moreira
Canção sobre a Georgia | Gabriel de Ataide Lima
A Carta | Hebe Santos
Escassez do Fator | Lucas Feat
Reminiscências | Pedro M. C. Seabra
O Classificado da Meretriz das Letras | Rândyna da Cunha
Ilustração de Capa: Lila Bitten | lila1197@gmail.com | @lilabitten (instagram)
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