Editorial Vol. 11 | n.º 2 | setembro de 2019
— 16 de setembro de 2019“Sejamos nós os renovadores desta vida terrena”
Zoroastro
De vez em quando, ficamos pensando de onde é que vem tanta gente escrevendo, editando, produzindo, fabrincando formas que se digam artísticas. De vez em quando pensamos até de onde vem a própria Subversa. É de onde, essa revista?, é feita de quê? Porque é muita generosidade dos artistas transformar o sono da humanidade em alguma coisa que te diga: vê. Aqui. É muita generosidade de quem edita a poesia. É muito generoso. É “muy lindo”.
E aí um monte de gente sai debaixo dos trilhos da terra e bota logo os risinhos na cara e diz coisas que afinal não são apenas coisas que artista diz. Os artistas dizem coisas que são do mundo, mas que estão numa camada de terra mesmo abaixo do trilho e, ao mesmo tempo, no mais alto dos céus. No sono íntimo dos artistas, no horizonte da estrada, a coisa acontece e faz o mundo girar. Bobagem pensar que é outra coisa que faz o mundo girar. Só alguém muito ingênuo pensaria que o mundo gira por outra razão que não seja a razão de se fazer literatura.
Porque poeta que é poeta não diz muita coisa sobre as imagens. Poeta que é poeta engole; fala de outra coisa. A arte precisa sempre dar as caras, motivo pelo qual a cara dos artistas nem sempre é feliz. Você vê de longe quando o artista está cansado de sua própria cara; não é porque ele não gosta dela, mas porque a sua cara se transformou num reflexo da insatisfação alheia. E aí o artista vai precisar criar outra obra para transformar isso noutra coisa. Vai ter que continuar sendo artista. Sobretudo isso: continuar sendo artista.
Desejamos a todos uma boa leitura.
As editoras
ARTE DE CAPA: Eduardo Heringer (@artedoaltodaboavista)
Clique nos textos para ler:
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Quando escureço para fazer acenderem os vagalumes | Daniel Costa
Inventário de mentiras sobre a mamãe | Laura Elizia Haubert
Ano-novo no asilo | Luiz Guilherme Libório
Pai (III) | Michaela V. Schmaedel
E foi aí que eu virei árvore | Vicent Bernardo
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