Demônio da Pinacoteca | J. P. Schwenck
— 14 de março de 2021
Tombem-se diálogos
Pinel dos mesários
Fúria dos diáconos
Desordem de templários.
Trava essa cantiga na língua dos sapos
Canta esse problema no umbigo dos sábados
Arranque essa cabeça, sucumba aos fiapos
Garante seu recheio, tombe os mercados
Degrade essa pinágora, renasça do avesso
Resguarde seu direito, pinte o seu devaneio
Lance sua espada, rogue a cada tropeço
Regue seu quebranto, padeça no seio.
Da vida, engula o pedaço
De modo tenro e retraído, puxe o pecado
Do bico da espada, retalhe o recado
Da carne, perfure o espaço.
Perfume das rosas negras e melódicas pétalas
Acalentam prosódicas promessas
Acanham retóricas ácidas
Fantasmas dos rios e dos ratos.
Coagula-se o sangue dos benditos
Devasta um hoje como ontem, os fatos
Dos velhos novos empaletolados
Dos frios retratos pintados.
Que perdem suas cores
Perdem-se o algor dos licores
Escorre no ralo do segundo
Acabou-se o mundo?
J.P Schwenck | Rio de Janeiro| é um artista multimídia carioca. Em 2020, publicou “Opus”, seu primeiro livro por si próprio e lançou seu podcast experimental “Alma Mastigada”. |jpschwenckcosta@gmail.com
Deixe uma resposta