Chuck Traynor | Felipe G. A. Moreira
— 13 de abril de 2018Minhas pernas e tronco… submersos?
na areia movediça
quando
Linda, te fiz…
bem sei eu, a coisa entre coisas ––o utensílio doméstico…
e eu… eu sinto que…
e eu…
Ah! os Diabos!
Uma cadela é uma cadela é uma cadela…
Eu te estacava, piranha!
Estão minha cabeça e os braços a tentarem se erguer ao céu?
Onde os deuses foram aniquilados?
Devo de estar eu tateando os corpos dos deuses aniquilados;
os deuses foram aniquilados, sim ––
fiz a areia, a areia por toda parte…
E a forma do homem… a forma…
do… homem…
Eu te trazia a disciplina…
Quando há muito anseio pela A luz, mesmo a da lâmpada qualquer
fiz areia na minha boca, na minha língua…
Eu te estacava a ilusão…. da lógica…
A lâmpada qualquer foi estraçalhada.
Eu vejo os reflexos nos cacos de vidro.
Linda, eu os desejo.
FELIPE G. A. MOREIRA nasceu em 1984 no Rio de Janeiro. Publicou a peça poética, Parque (2008, Revista Zunái online) e o livro de poemas, Por uma estética do constrangimento (2013, ed. Oito e Meio). No momento, trabalha no que espera tornar seu novo livro de poemas, Sequestro público da senhorita saúde (ainda sem editora). Ele também trabalha como professor de filosofia da Universidade de Miami e na sua dissertação de doutorado sobre metafísica, Disputas: a incomensurável grandeza das micro-guerras.
Leia os artigos anteriores do Felipe AQUI.
Deixe uma resposta