A lágrima é maior que a palavra | Jessica Ziegler de Andrade
— 14 de março de 2021
As palavras coladas à face da despedida,
podem muito pouco
As palavras tremem nas ondas prematuras
de um bafômetro
deixando cair um véu no ritmo
da relva
As víboras palitam os dentes a rirem
desta lágrima maldita
crescendo e descendo as margens
de um rio
Respiro para cair sereno e surdo no abismo
do sono
A lágrima é um prisma
de vidro
rolando no caldo viscoso da língua
de uma rã
A lágrima é maior que a palavra
E eu choro sem chamar por nomes a minha saudade
As palavras rodaram, inúteis
rolaram,
perderam-se sem fôlego
ferindo de morte, com um soco oco esse
– mais que sincero – suspiro
Jessica Ziegler de Andrade| Rio de Janeiro, Brasil | mestranda em Literaturas de Língua Inglesa (UERJ) e advogada graduada em Direito (UNIRIO). Compõe o conselho editorial da Revista Mallarmargens. Compartilha sua escrita no perfil do instagram @jzpoesia, onde também coordena um clube do livro reunindo pessoas do Brasil e Portugal.
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